Produtores e técnicos discutem mosca negra dos citros – Embrapa

Na quinta-feira (16 de junho), aconteceu na sede da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Seminário Regional sobre Mosca Negra dos Citros, realizado pelo Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (Setaf) e pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).

Foto: Iure Carmo
Foto: Iure Carmo

A abertura do evento contou com a presença de Francisco Laranjeira (CPD), Felipe Viveiros (Setaf), Armando Sá (Adab), Eládio Borges de Lima, mais conhecido como Eládio Bahia (secretário de Agricultura e Desenvolvimento Econômico de Sapeaçu e representante do Consórcio de Prefeitos do Recôncavo), Lousane Lordelo (gerência da Adab em Cruz das Almas), Sammy Roiter (Associação das Cooperativas de Apoio a Economia Familiar – Ascoob) e o produtor João Ribeiro.

Prejuízos
O evento teve como objetivo discutir medidas para minimizar os prejuízos que os citricultores do território do Recôncavo Baiano estão acumulando desde 2012, quando se percebeu a presença da praga. De origem asiática, a mosca negra (Aleurocanthus woglum) causa danos diretos e indiretos aos citros e prejudica o desenvolvimento e a produção das plantas. As espécies de citros são os hospedeiros primários, mas a praga pode infestar mais de 300 espécies de plantas, sendo transportadas facilmente entre regiões. Muitos agricultores têm se desestimulado com a atividade e abandonado áreas produtoras. De acordo com Eládio Bahia, dos 19 municípios do Território Recôncavo, 15 já estão com a economia comprometida. “Temos depoimentos de queda de 70 a 90% da produção. Muitos estão exterminando as plantas”, disse.

Fonte: Internet
Fonte: Internet

A informação foi ratificada por José Souza, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, na palestra Panorama Socioeconômico da Citricultura, com Ênfase ao Território do Recôncavo. “Um problema como a mosca negra afeta a vida de muita gente e a economia de vários municípios. São do Recôncavo 54,3% dos citros comercializados na Ceasa [Central de Abastecimento da Bahia], em Salvador, afirmou.A citricultura constitui-se na base da economia da região, sendo a principal fonte de renda da maioria dos agricultores familiares. Cultivada em quase todos os municípios, ocupa uma área de aproximadamente 10 mil hectares. Em 2014, alcançou uma produção de 169.928 toneladas de frutos, gerando uma receita bruta de R$74,9 milhões, segundo dados do Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE) de 2014. Observa-se uma queda de aproximadamente 20% na produção de 2014 em relação a 2011.

Diagnóstico
Na palestra Desafios da Sustentabilidade da Citricultura no Recôncavo, o engenheiro-agrônomo Jorge Raimundo Silva Silveira (Setaf) falou sobre o cenário da região. “São propriedades com áreas de cerca de 5 hectares, com solos compactados, com baixa fertilidade e dependentes de fatores climáticos”. As outras palestras foram: Ações da Defesa Fitossanitária na Citricultura Baiana (Suely Brito, coordenadora do Programa Fitossanitário dos Citros da Adab) e Manejo Integrado da Mosca Negra dos Citros e Experiências de Sucesso com o Uso de Insetos Predadores desta Praga (Wilson Maia, pesquisador e professor da Universidade Federal do Pará). Durante a semana, Wilson Maia fez visitas a áreas de produtores em diversos municípios do Recôncavo e um diagnóstico da área afetada. “O problema é de gestão. Quando falamos de manejo de qualquer praga, nós começamos pelo solo, que é o principal fator de controle. Se você tem uma planta que esteja nutricionalmente adequada, ela resiste muito mais a uma que não esteja. O controle biológico aplicado é uma das ferramentas do manejo. O controle químico faz parte, mas, principalmente em caráter de urgência, o que tem que se fazer é o manejo da área, ou seja, a análise de solo é fundamental”, explicou o professor.

Controle
Pela tarde, a mesa-redonda Discussão do Plano de Ação para o Controle da Mosca Negra dos Citros teve como debatedores Wilson Maia, Suely Brito, Antônio Nascimento (pesquisador da UD), Marcos Roberto da Silva (professor de Mecanização Agrícola da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB). Entre as ações previstas, está a implantação de uma biofábrica de inimigos naturais na região, que vai multiplicar e liberar os insetos para os agricultores. Vando de Souza, produtor de mudas cítricas de Lagoa Grande, na zona rural de Cruz das Almas, ficou animado com o evento. “Hoje estou participando e vendo que as empresas estão olhando pra gente, estou vendo uma luz no fim do túnel. Eu queria dar continuidade, queria fazer com que meu pai se orgulhasse de mim, por cuidar do sítio que ele adquiriu com grande dificuldade. A gente tinha aqueles defensivos químicos que fazia com que amenizasse a situação, mas não era eficaz. Era uma coisa que a gente aplicava de três em três meses, depois passou a aplicar de mês em mês e hoje é toda semana.” Na propriedade de Ivan de Almeida Lírio, produtor de citros em Laje, a mosca está controlada. “Venho fazendo pulverizações assim que a gente detecta que o problema está fugindo do controle e fazendo inseticida com dosagem baixa e o resultado está sendo muito bom”. O evento contou com o apoio de FrutBahia, Rebouças Citrus, prefeituras municipais de Sapeaçu, Santo Antônio de Jesus, Muritiba e Governador Mangabeira e Ascoob.

 

Léa Cunha (DRT-BA 1633)
Embrapa Mandioca e Fruticultura

Fonte: Embrapa

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