Saiba como o aumento de preços afeta a cadeia produtiva do agronegócio.
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Após os bons resultados de 2021, apesar dos problemas com o clima, o agronegócio deve continuar a ser o impulsionador do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2022.
O ano já começou animador para a agroindústria brasileira: depois do ótimo mês de janeiro, foi batido um novo recorde em fevereiro. As exportações do mês alcançaram US$ 10,51 bilhões, e o valor foi 65,8% superior ao de fevereiro de 2021. Além do aumento da quantidade de exportações (+33,7%), os bons números são resultados do aumento de preços da maioria dos produtos exportados (+24%).
Assim, as expectativas são boas para o setor em 2022. Um relatório da Fundação Getulio Vargas (FGV) estima que o agronegócio deve crescer 5% neste ano. A melhora nas estimativas tem relação com a melhora do clima, com as chuvas estabilizando-o, reservatórios começando a operar com maiores capacidades e aumento dos preços internacionais de diversas commodities.
O PIB brasileiro deve crescer 1% ou pouco menos neste ano, segundo as principais estimativas. A indústria e a construção civil podem até recuar em 2022. O fato de o agronegócio representar até 25% do PIB brasileiro faz que esse setor esteja sob os holofotes do governo e da sociedade. O agronegócio é responsável por até 10% dos empregos brasileiros, então um avanço do setor pode significar boas notícias ao País.
IMPACTO DA INFLAÇÃO NO AGRONEGÓCIO
Apesar de todos esses dados positivos, uma preocupação “ronda” os produtores brasileiros: a inflação.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do País, fechou 2021 em 10,06%, o número foi o maior valor desde 2015 e superou o teto da meta que era de 5,25%.
Os bons resultados de exportação e os preços altos de alimentos nas gôndolas dos mercados podem dar a sensação de que os produtores estão tendo lucros recordes, mas isso não é verdade.
Segundo o relatório O Agronegócio e a Inflação, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, os lucros do setor não são bem divididos ao longo da cadeia produtiva.
O relatório aponta que alguns gargalos, como indústrias agrícolas, concentram boa parte da lucratividade, que muitas vezes não chega aos produtores primários. O setor também está bastante sujeito a elevação dos preços em dólar, uma vez que os principais insumos agrícolas, como fertilizantes, são importados e há a influência do preço do petróleo em toda a cadeia produtiva.
PREÇOS E LUCRATIVIDADE
O aumento de preços nem sempre significa lucratividade para o setor. O agronegócio está sujeito a diversos fatores que podem levar a variações não antecipadas, como pragas, intempéries climáticas e influências externas nos preços.
Um exemplo recente é o da retirada das exportações de milho da Ucrânia devido à invasão russa. Sem a oferta do milho do país, que é um dos principais exportadores mundiais da commodity, a demanda e o preço devem subir.
Dessa forma, o preço alto do milho influencia diretamente o preço das proteínas animais, já que o grão é um dos principais ingredientes das rações de rebanhos. Soma-se a isso o fato de a carne já vir sofrendo aumentos nos últimos anos, o que tem feito que menos seja comprado e leve os produtores a não repassar todos os aumentos ao consumidor.
Com a continuidade dos conflitos no leste europeu, o preço do petróleo deve continuar elevado. O preço do barril, que ultrapassou a marca de US$ 100 no início da invasão, está com valores estabilizados na casa dos US$ 110 no fim da primeira quinzena de março. Com a dependência do diesel do agronegócio brasileiro, o preço final dos alimentos para os consumidores não deve ter baixa significativa tão rapidamente.
Outro fator de influência para a elevação dos preços é a dependência dos fertilizantes russos. O Brasil busca outras soluções de importações, mas sem a oferta do leste europeu a tendência é que os preços dos insumos continuem elevados.
Por: Canal do Agro