A 23ª edição do Teste de Desempenho de Touros Jovens (TDTJ) conta com uma participação de peso do Guzerá, sendo a segunda raça zebuína com maior número de animais inscritos. Este ano participam 45 exemplares, o dobro de 2019. A Associação dos Criadores de Guzerá e Guzolando do Brasil (ACGB) está contribuindo com todos os associados participantes, subsidiando metade do valor das inscrições. “Isso mostra o interesse dos criadores da raça por provas de desempenho que avaliem a velocidade de ganho de peso, o desenvolvimento testicular, ultrassonografia de carcaça, área de lombo, que tem a correlação com rendimento, espessura de gordura e também sua avaliação funcional”, diz o pesquisador da Embrapa Cerrados, Cláudio Ulhoa Magnabosco.
Iniciadas no dia 29 de julho, as avaliações contemplam as provas de Ganho em Peso (PGP) a Pasto e Teste de Eficiência Alimentar, com avaliação do Consumo Alimentar Residual (CAR). Serão 294 dias de prova, sendo 70 dias de adaptação e 224 dias de prova efetiva. Os animais são mantidos em pastagens renovadas por sistema de Integração Lavoura e Pecuária, sendo suplementados com mineralização adequada para a categoria animal e época do ano.
Para o presidente da ACGB e titular da Fazenda Palestina, em Paraopeba (MG), Marcos de Almeida Carneiro somente com informações e dados científicos/técnicos a raça poderá evoluir ainda mais rápido. “A Embrapa é uma entidade renomada no mundo e com o maior número de trabalhos publicados. Vale a pena participar e apoiar esta iniciativa”, destaca Carneiro.
Participante desde as primeiras edições do TDTJ, o criador Antônio Pitangui de Salvo, da Seleção Guzerá, acredita que as prova de ganho em peso e de CAR são fundamentais para uma seleção funcional diante dos desafios da pecuária atual. “ Cada vez mais o produtor rural brasileiro vai sair à procura de animais avaliados. E a PGP é, sem dúvida nenhuma, uma das melhores ferramentas para mensurar o que realmente nos interessa, que é ganhar peso a pasto ou em confinamento”, diz Antônio de Salvo, que junto com sócios e parceiros da Seleção Guzerá, enviou animais para o TDTJ.
Outro criatório que participa desde a primeira edição da prova é o Guzerá da Capital. Segundo o pecuarista e 1° vice-presidente da ACGB, Adriano Varela, o mercado pecuário está em busca de performance, de animais provados e avaliados, ou seja, uma segurança maior em suas aquisições. “As provas são vitrines que devem ser cada vez mais exploradas para mostrar o potencial da raça Guzerá e firmá-la como opção genética aos pecuaristas que estão em busca de um grande ganho de heterose nos cruzamentos”, assegura Varela.
Essa 23ª edição também tem criatórios estreantes, como a Companhia Mate Larangeira, localizada no Mato Grosso do Sul. “Participando da prova podemos mostrar o potencial da genética do Guzerá e ajudar a fomentar a raça e seus cruzamentos aos demais pecuaristas/criadores. Outro ponto importante a se destacar é que participando desta prova conseguimos ‘medir’ nossa genética, comparando com os demais criadores que estão participando”, acredita Leandro Kendy Matsumoto, diretor Técnico da ACGB e auxiliar de Administração de Pecuária da Companhia Mate Larangeira.
Do Pará, estão participando seis animais, sendo três do Condomínio Tachy do Sal, Fazenda Encarnação, no município de Santarém Novo. Segundo o criador e diretor financeiro da ACGB, José Luiz Ferreira de Almeida Filho, a procura por touros Guzerá no estado é grande e ter animais avaliados traz muito mais valor à raça perante o mercado. “O touro Guzerá é uma ferramenta de trabalho para ser usada com grande sucesso na vacada de todo o Brasil, mas em especial no Nordeste e Oeste do Pará, onde o rebanho de fêmeas é crescente, mas carente de touros”, ressalta Almeida Filho.
O criador Milton Dias Filho, titular do Guzerá Icil, com fazendas sediadas em Itacarambi/MG, também participa da prova e reforça a grande procura por touros da raça. “Com o bom momento que atravessa a pecuária, o Guzerá tem muito a contribuir para melhorar a rentabilidade dos produtores, pois gera produtos pesados e de qualidade. O Guzerá proporciona um resultado espetacular no cruzamento, que nós que selecionamos a raça a muito tempo já sabemos há décadas, mas com provas como a da Embrapa temos como comprovar ao mercado todo esse desempenho fantástico”, reforça Milton.
Outro participante do TDTJ, o criador Luciano Bonfim destaca que o mercado está aquecido para a raça. “Por isso, manter a participação em testes como o TDTJ ajuda a mostrar ao mercado o potencial do Guzerá. Além disso, nossa contínua divulgação dos dados, quer pela imprensa ou mídias sociais, tem despertado cada vez mais o interesse dos pecuaristas na criação da raça. É uma genética que permite sua utilização tanto em cruzamentos, principalmente com a vacada Nelore que predomina em nosso país, quanto em vacas cruzadas, onde o criador procura bezerros machos de qualidade e fêmeas com razoável produção leiteira”, conclui Luciano Bonfim, que coordena a participação do Guzerá na prova.
O criador e diretor Técnico da Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil, Leandro Botelho Neiva, reforça o fato da prova de ganho em peso ser uma ferramenta muito importante para quem faz melhoramento genético do rebanho, pois identifica exemplares de maior desempenho dentro de um grupo contemporâneo de animais. “A raça Guzerá contribui e muito para pecuária do Brasil, pois sua dupla aptidão permite o uso tanto em cruzamentos de corte quanto de leite, e em ambos os casos com grande desempenho”, assegura Leandro Neiva, da Fazenda Poção, em Paracatu/MG, que também tem animais inscritos na prova.