Fruto símbolo do Pará, o açaí, tomado puro, na tigela com farinha, com ou sem açúcar, versátil como é, já virou sabor de sorvete, iogurte e até energético. Pesquisas mostram que, além de saboroso, o açaí é rica em ferro e também um potencial redutor do nível de colesterol. Mas se engana quem pensa que os benefícios do fruto terminam aí. Eles são muitos e vão da polpa até o caroço.
Em Salvaterra, no Arquipélago do Marajó, o fruto ganhou outra utilidade. A partir da coleta dos caroços descartados pelos batedores artesanais de açaí é possível produzir, acredite, assentos de bancos escolares. Com cerca de 900 gramas do caroço triturado são confeccionados assentos destinados a escolas públicas rurais do município, frequentadas normalmente por crianças carentes.
Na cidade marajoara, Joseane e Carmelita notaram o acúmulo de resíduos gerados pelos batedores artesanais e por não ter nenhum tipo de beneficiamento, os caroços ficavam acumulados pelas ruas. “Isso traz poluição. Com o trabalho, a intenção é retirar esses resíduos, que nada mais são do que lixo depositado nas ruas, promovendo mau odor, atraindo ratos e gerando uma poluição visual cada vez maior”, diz a professora Carmelita de Fátima.
O resultado do processo foi uma chapa de conglomerado, moldada na altura, tamanho e espessura para o assento do banco usado pelas crianças. As pernas foram produzidas a partir da madeira típica da região, a Ananin. O banco foi testado até por adultos, que aprovaram a ideia. Segundo a professora Carmelita, o material produzido a partir de resíduos agroindustriais de açaí é de extrema resistência.
“Eles ficaram prontos em menos de um dia, sendo que tem um tempo a mais de secagem dos materiais para poder montar. O banco mede aproximadamente 40 x 40 cm², já direcionado para as crianças. O material tem flexibilidade, durabilidade e pode ser usado na fabricação de qualquer móvel como mesas, cadeiras, estantes, além de quadros para paredes”, diz a professora.
Por Renata Paes
Fonte: Agência Pará