Quando se fala em turismo no Brasil, possivelmente uma das primeiras coisas a se pensar são praias paradisíacas, muito sol e mar, certo? Para a maioria dos brasileiros e estrangeiros que visita o País, esses são destinos quase certos. Por sua dimensão continental e enorme diversidade cultural, porém, o Brasil apresenta ainda muitas outras opções de destinos, pouco explorados pelos turistas nacionais e internacionais.
Você já pensou em conhecer o interior do Brasil, aprender um pouco mais de sua vasta cultura e se maravilhar com as delícias gastronômicas produzidas nessas regiões? “Há um Brasil que os brasileiros precisam conhecer”, diz Andreia Roque, presidente do Instituto de Desenvolvimento do Turismo Rural e Equestre (Idestur).
Ainda tímido, mas com um grande potencial a ser explorado, o Turismo Rural vem caminhando paralelamente ao mercado de turismo de massa no País. “O Turismo Rural começou a entrar em pauta somente em 2010, com a valorização da riqueza cultural da Serra e do Sertão”, diz Fabiana Ribeiro, secretária-executiva da Associação Brasileira de Turismo Rural (Abraturr).
“Esse segmento no mercado traz uma peculiaridade – ao visitarmos uma fazenda, temos a sensação de que o proprietário está abrindo as portas de sua casa”, explica Fabiana. “E engana-se quem acha que essa receptividade mais próxima e calorosa não seja qualificada. Temos excelentes produtos de Turismo Rural no Brasil”, completa Fabiana, em entrevista ao Sou Agro durante a 5ª Rodada de Negócios do Turismo Rural Brasileiro, realizada nesta 4a feira (27), na Fazenda Capoava, em Itu, cidade histórica no interior de S. Paulo, e quando foram discutidas oportunidades para o setor durante os jogos da Copa do Mundo no País, em 2014.
Rota do Café
O destaque dessa Rodada, além da Copa, foi a Rota do Café. Com a proposta de levar as pessoas a uma viagem com visita às fazendas históricas e produtivas de café, a espaços de lazer e cultura, santuários ecológicos, pousadas, restaurantes e locais que revelam a história e os aromas do café no Norte paranaense e no Brasil, a Rota abrange 38 empreendimentos, localizados em 10 municípios, em um raio de distância de aproximadamente 200 Km.
“Em 2011, a Rota do Café foi eleito o melhor roteiro turístico pelo Programa de Regionalização do Turismo, do Ministério do Turismo. Acredito que as atrações da Rota, que variam entre a cultura e a natureza, passando por aconchegantes pousadas e ainda a oportunidade de conhecer um pouco do processo de produção do produto até a bebida foram determinantes para o prêmio”, conta Natasha Bacchi, consultora do Projeto Turismo Norte Paranaense – Sebrae/PR.
Engenhos no Nordeste
No Nordeste do País, onde a maior procura é por praias e resorts, o Turismo Rural aparece como uma alternativa de valorização da cultura. Um exemplo disso é a Casa de Campo Engenho Angicos, localizada em Itambé, a 90 Km de Recife. Pertencente à família Cavalcante Albuquerque há 300 anos, a propriedade mantém o engenho em funcionamento para produção de rapadura e mel.
“Além de conhecer de perto o funcionamento de um engenho, o turista conta com toda estrutura de um hotel fazenda. Além disso, oferecemos aos hóspedes a oportunidade de conhecer a culinária regional, um pouco da história do País e também de nossa cultura; à noite, promovemos shows de forró, com música ao vivo e repentistas”, conta Maria Lúcia Cavalcanti Carneiro Leão, proprietária do engenho.
Apesar de ter tanto a oferecer e muito a crescer, o Turismo Rural, além de sofrer com a forte concorrência do turismo de massa, ainda não é uma atividade formal. “Há um Projeto de Lei sendo formalizado e encaminhado para que tenhamos a legalização da atividade”, explica Andreia Roque. “Para que possamos crescer de fato, é preciso que haja um amadurecimento do nosso turismo e, para isso, é necessário uma mudança no hábito dos brasileiros, fazendo com que ele queira, antes de viajar para o exterior, conhecer seu próprio país”, finaliza Andreia.
Fonte: Sou Agro
Por: Sílvia Sibalde