A possibilidade de perder a demanda dos países árabes, que representaram quase 40% da receita da carne de frango em 2018, é preocupante, segundo consultoria
O diretor e fundador da Scot Consultoria, Alcides Torres, avaliou na quarta-feira, dia 3, que o “Brasil não está em situação de fechar portas, só de abri-las”, ao comentar a possível perda do mercado árabe de proteína animal com a aproximação feita pelo governo Bolsonaro a Israel.
“Estatisticamente, Israel é menos de 1% de carne de frango e bovina. Do ponto de vista de produção animal no Brasil, (uma perda do mercado árabe) dá medo. Quais compensações teremos?”, indagou Torres no Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto (SP).
Enquanto Israel tem uma participação irrisória nas exportações de proteína animal do Brasil, os árabes foram responsáveis por 19,2% da receita com carne bovina comercializada pelo país em 2018, ou US$ 1,114 bilhão dos US$ 5,855 bilhões, segundo a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
Os países árabes responderam também por 37,2% do faturamento de US$ 6 bilhões com a venda de carne de frango no ano passado, ou US$ 2,24 bilhões.
“Do ponto de vista ocidental, é claro que os israelenses são parecidos com nossos hábitos e costumes. Mas do ponto de vista mundano, o que Israel oferece de compensação com apenas 1% das importações?”, questionou Torres.
Segundo ele, a Índia pode substituir o Brasil no mercado árabe. Por outro lado, o consultor elogiou a decisão do governo brasileiro de apenas abrir um escritório comercial em Jerusalém, em vez de mudar para a cidade israelense a embaixada do Brasil. “Foi uma ótima medida diplomática”, disse.
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