O mercado internacional da soja, na segunda-feira (21), fechou o dia com altas de quase 30 pontos, ou mais de 2%, entre os principais vencimentos negociados na Bolsa de Chicago. Assim, apesar da baixa de mais de 1% do dólar frente ao real, algumas praças do interior do Brasil e mais os portos conseguiram acompanhar o avanço e também encerraram o dia em campo positivo.
No terminal de Paranaguá, o produto disponível se manteve estável em R$ 79,00 por saca, enquanto em Rio Grande foi a R$ 78,00, com ganho de 1,43%. Já no mercado futuro, alta de 0,63% e de 1,20%, respectivamente, para R$ 80,50 e R$ 84,00 por saca.
No interior, em Itapeva/SP, alta de 4,28% para R$ 71,32; de 1,52% para R$ 67,00 em São Gabriel do Oeste/MS; de 1% no Oeste da Bahia, para R$ 68,00. Onde alguma alta não foi registrada, os preços se mantiveram estáveis neste início de semana, encontrando sustentação no expressivo avanço das cotações na CBOT.
E essa subida forte dos preços, segundo explicam analistas internacionais, se deu, mais uma vez, pela intensidade da demanda. Os números fortes e surpreendentes dos embarques semanais norte-americanos reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu boletim desta segunda aliados à uma força dos mercados de oleaginosas na Ásia foram a combinação perfeita para a movimentação em Chicago.
“Foi a junção da força do óleo de palma, do farelo de soja na Bolsa de Dalian, as altas do petróleo, e alguma especulação sobre o clima em determinados pontos do Brasil”, disse, em entrevista à Reuters Internacional, Dan Cekander, presidente da DC Analysis.
Na semana encerrada em 17 de novembro, os EUA embarcaram 2.666,079 milhões de toneladas e superou largamente as expectativas do mercado. Os traders, afinal, apostavam em algo entre 1,7 milhão e 2 milhões de toneladas. No acumulado da temporada comercial, os Estados Unidos já embarcaram 21.908,956 milhões de toneladas e o volume supera o total do mesmo período da anterior, de 18.173,689 milhões de toneladas.
Além disso, como explicou o diretor da corretora Cerealpar, Steve Cachia, há ainda uma forte movimentação dos fundos de investimento que ajudou a motivar os ganhos. “Na semana passada, houve a maior liquidação dos fundos em nove meses, e o mercado aguentou devido à demanda. E hoje, voltaram ao mercado”, diz. “E como o mercado aguentou bem a pressão e não desandou, é sinal de que pode trabalhar um pouco mais firme”, completa.
Além disso, o mercado passa ainda por uma recomposição em relação aos movimentos da última semana, principalmente nesta semana, que é mais curta por conta do feriado do Dia de Ação de Graças nos EUA – a ser comemorado na quinta-feira (24), quando as bolsas não funcionam e com pregão mais curto na sexta (25).
Negócios no Brasil
No Brasil, ainda segundo Cachia, há pouco mais de 25% da safra 2016/17 já comercializada e um ganho nesse ritmo está ligado, intimamente, a uma nova disparada do dólar. E para ele, os repiques da moeda americana, que carrega ainda uma tendência de volatilidade, devem, portanto, ser aproveitados.
“A tendência natural é de dólar sob pressão, ou seja, quando há algo pontual que o faz disparar, tem que aproveitar”, explica o diretor da Cerealpar. “As oportunidades aparecem, ter que ter o sangue frio de puxar o gatilho e não especular demais”, completa.