‘Soluço’ na entrega de fertilizantes seria tiro no coração do agronegócio

Dependência do Brasil de insumo da Rússia criou vínculo com o país e condiciona até o PIB brasileiro.
Os presidentes Putin e Bolsonaro: interesses do agronegócio acima do risco diplomático
Os presidentes Putin e Bolsonaro: interesses do agronegócio acima do risco diplomático.

Não desagradar os russos está entre as missões da comitiva brasileira que pousa em Moscou no dia 15 terça-feira . Muito acima do eventual mal-estar diplomático que a visita de Bolsonaro ao Kremlin possa causar está uma necessidade vital: manter o fluxo normal das importações de fertilizantes — insumo estratégico para a economia brasileira. A Rússia é o maior fabricante mundial do produto, e o Brasil, o maior consumidor desse aditivo agrícola, um dos principais responsáveis pelo estreitamento de laços entre os dois países.

A simples oscilação de preços dos fertilizantes, ocasionada por questões internas da Rússia, que já avaliou se voltar mais para o mercado interno e reforçar o atendimento às próprias demandas, é capaz de causar estrago na produção agrícola brasileira. Uma iniciativa do tipo teria impacto direto no preço dos alimentos, na inflação e até no PIB do país, bancado em grande medida pela força do agronegócio e sua capacidade de exportação.

Para se ter uma idéia do tamanho do problema, em setembro de 2021, de acordo com registros da CNA — a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária —, a variação de preços dos fertilizantes abalou o negócio da soja — item vital da nossa pauta de exportações. Na região de Londrina, por exemplo, o custo da produção do grão por hectare mais que dobrou de um ano para o outro, passando de R$ 620 para R$ 1.323. “Com isso, o peso dos fertilizantes no custo operacional desta lavoura passou de 20% para 31%, em 12 meses”, relata informe da entidade.

A dependência brasileira dos fertilizantes nitrogenados passa dos 90%. O argumento é utilizado para justificar as razões pragmáticas para a manutenção da visita presidencial a Moscou, agendada há meses, apesar das dificuldades provocadas pelo imbróglio diplomático que envolve russos, ucranianos e países ocidentais da Otan.

Fonte: R7

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