Quais são as técnicas mais adequadas e de baixo custo para engordar peixes em tanques escavados e em tanques circulares?
por Fabiano Henrique Werneque Ribas, Barra do Chapéu (SPO cultivo de peixes para consumo ou para ornamentação (utilizados em aquários, por exemplo) tem se popularizado no Brasil. As boas condições climáticas do país e a grande variedade de espécies nativas contribuem para o desenvolvimento da atividade. Com dedicação e empenho, produtores podem conseguir bons resultados e contar com a criação como fonte de renda principal de sua propriedade. Antes de escolher os peixes que mais se adaptem à região de cultivo e dar início ao novo empreendimento, entretanto, é necessário montar uma estrutura apropriada no local. De acordo com o orçamento disponível, pode-se decidir por vários materiais encontrados no mercado e por diferentes sistemas de criação (confira a tabela na página ao lado).
O tanque de cultivo pode ser apenas escavado na terra ou, após a terraplenagem, ser construído em alvenaria e impermeabilizado com lona, fibra de vidro ou chapa galvanizada. Para o sistema de abastecimento de água, utilize blocos de concreto ou algum tipo de vala, com conexões de tubo de PVC para condução da água até o tanque. A vazão da água pode ser regulada com a instalação de um monge de alvenaria ou um cotovelo articulado, por meio do qual ocorre o escoamento da sujeira acumulada no fundo do tanque.
De forma geral, é recomendável que os viveiros não sejam muito grandes, para evitar dificuldades no manejo, como nos momentos de alimentação, transferência de peixes e despesca. Uma boa medida recomendada é de 40 por 50 metros, com 1,60 metro de profundidade. O formato retangular é o mais indicado para a criação de várias espécies de peixes, pois facilita a renovação da água. O circular, que exige mais aparatos para a movimentação da água e filtros para a remoção de resíduos, é mais frequentemente usado na criação de trutas, embora também possa ser usado no cultivo de lambari, tilápia e pirarucu, entre outros.
Piscicultores de algumas localidades do país têm optado por fertilizar a água dos viveiros com resíduos originários da suinocultura, promovendo a proliferação de micro-organismos que servirão de alimento para os peixes. Com produção que chega a 2 mil quilos de pescado por hectare por ano, o sistema é considerado uma opção para baratear os custos.
Muitos criadores brasileiros, no entanto, adotam viveiro com fertilização acrescida de alimentação suplementar. São aproveitadas sobras de hortaliças e/ou fornecidas rações de boa qualidade para a engorda dos peixes. A produção oriunda desses sistemas pode atingir 5 mil quilos por hectare por ano. Para conseguir uma atividade mais produtiva e com custo baixo, os piscicultores também aproveitam para praticar o policultivo: várias espécies de peixes ocupam o mesmo viveiro, sendo que cada uma aproveita um espaço (mais no fundo, mais junto à superfície, etc.) e um tipo de alimento. Um exemplo de boa convivência é juntar em um único tanque tilápia com variedades de carpa. Podem dividir o mesmo ambiente a carpa comum, que, assim como a tilápia, come de tudo (onívora); a carpa capim, que consome plantas (herbívora); a carpa cabeçuda, que se alimenta de minúsculos animais (zooplanctófaga); e a carpa prateada, que gosta de algas (fitoplanctófaga).
Uma recomendação importante para os iniciantes na criação de peixes é consultar a legislação ambiental. A orientação de um técnico competente pode assegurar o dimensionamento de um projeto econômico e produtivo. Um consultor em piscicultura também tem capacidade para avaliar as condições do local para a atividade, sugerir o melhor sistema a ser adotado, recomendar as espécies para cultivo e sugerir opções para baratear os custos.
FONTE: REVISTA GLOBO RURAL