Custo elevado de shows, baixa rentabilidade e foco no entretenimento afastam expositores. Como reinventar as exposições?
As tradicionais exposições agropecuárias, conhecidas popularmente como exposhow, vêm enfrentando um grande desafio em todo o Brasil. O alto custo das atrações artísticas, aliado à perda de foco no agronegócio, tem afastado tanto o público quanto os expositores. Enquanto isso, as feiras de negócios, com foco direto na geração de oportunidades comerciais, crescem e conquistam espaço no calendário dos produtores rurais. Mas, afinal, por que esse movimento vem acontecendo?Quais os gargalos e quais as soluções para que as exposições se tornem relevantes para o agro novamente?
De palco para o campo: o desafio das exposições agropecuárias
Por décadas, as exposições agropecuárias foram verdadeiros palcos de negócios, tecnologias, leilões e, claro, também de grandes shows e entretenimento. No entanto, o cenário vem mudando drasticamente. Cada vez mais produtores, empresas e expositores questionam o real retorno sobre o investimento em participar dessas exposições.
O grande vilão apontado por muitos organizadores e expositores é o custo das atrações artísticas. Artistas de renome nacional chegam a cobrar valores astronômicos, muitas vezes superiores a R$ 500 mil por apresentação, o que torna o evento financeiramente inviável se não houver bilheteria robusta e patrocínios de peso.
Por causa disso, as exposições passaram a priorizar o entretenimento em detrimento dos negócios. O público mudou. Saiu o produtor rural e entrou o consumidor interessado apenas no show. Como resultado, empresas do agro começaram a perder o interesse, uma vez que o ambiente deixou de ser uma vitrine eficiente para geração de vendas e relacionamento comercial.
Enquanto isso… as feiras de negócios só crescem
Na contramão desse declínio, as feiras de negócios vêm se consolidando como os grandes encontros do setor. Eventos como a Agrishow, Tecnoshow, Bahia Farm Show, Dinetec e Show Safra se tornaram referência por entregar exatamente aquilo que o produtor busca: tecnologia, inovação, conhecimento e, sobretudo, negócios.
Nessas feiras, o foco não está em shows, mas sim em oferecer experiências comerciais, palestras técnicas, lançamentos de produtos e condições especiais para fechamento de vendas. Como resultado, o número de expositores cresce, e o público visitante é altamente qualificado, composto quase exclusivamente por produtores, investidores e profissionais do agro.
Por que as exposições agropecuárias estão ficando para trás?
- Custo altíssimo das atrações artísticas;
- Público pouco qualificado para negócios;
- Perda do foco no agro e excesso de entretenimento;
- Baixo retorno para expositores;
- Dificuldade em atrair patrocinadores interessados no setor agrícola e pecuário.
Caminhos para se reinventar
Apesar dos desafios, ainda há espaço para exposições agropecuárias no calendário do agronegócio.Mas é preciso se reinventar. Confira algumas soluções:
- Retomar o foco no agro: Trazer de volta os leilões, julgamentos de animais, dinâmicas de campo, oficinas técnicas e espaço para negócios.
- Reduzir a dependência de shows: Buscar atrações culturais regionais, eventos gastronômicos ou atividades familiares que atraiam público com menor custo.
- Criar rodadas de negócios: Assim como nas feiras, organizar momentos específicos para que produtores e empresas possam negociar diretamente.
- Parcerias estratégicas: Se unir a cooperativas, sindicatos, associações e entidades do agro para fortalecer a programação técnica e gerar valor real para os participantes.
- Investir em conhecimento: Promover palestras, workshops, painéis e debates com especialistas, aumentando o valor intelectual do evento.
As exposições agropecuárias fazem parte da história e da cultura rural brasileira. No entanto, precisam urgentemente se adaptar às novas demandas do setor produtivo, onde o produtor busca cada vez mais informação, tecnologia e negócios. É possível, sim, equilibrar tradição, cultura e geração de resultados, desde que o foco seja novamente direcionado para quem realmente move esse país: o produtor rural.
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Fontes:
Canal Rural / Revista Globo Rural / Notícias Agrícolas
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