“Não é plano de logística”, explicou. “Estamos mostrando um sistema que vai gerir as demandas de logística, uma forma de ajudar a definir as coisas sob o olhar da agricultura.” O trabalho foi realizado pela Embrapa Territorial.
Em seu discurso, Maggi ressaltou que a Agricultura respondeu por 70% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1% registrado no ano passado. “Entendemos que logística é determinante para a renda, principalmente para nós que estamos no Centro-oeste”, disse. “Sem renda para o produtor, não tem essas outras coisas, PIB grande, exportação grande.”
O sistema fornece dados sobre áreas de produção, identifica gargalos e oportunidades de investimentos logísticos. O objetivo é identificar as melhores rotas e modais de transporte para escoar a produção do agronegócio brasileiro.
“O estudo da Embrapa, feito a pedido do ministério, está à disposição de todo o governo e da sociedade, identificando as melhores intervenções a serem feitas em logística para aumentar a competitividade do setor agropecuário”, disse o ministro. Ele lembrou que o conteúdo, disponível na internet já foi apresentado ao ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Moreira Franco, e lembrou a importância que pode ter para o Ministério dos Transportes tomar decisões de investimento.
A plataforma online mostra a origem, os caminhos e o destino dos principais produtos da agricultura e da pecuária nacionais. Desenvolvido pela Embrapa Territorial, o sistema deve auxiliar na ampliação da competitividade de dez cadeias agropecuárias brasileiras: soja, milho, café, laranja, cana-de-açúcar, algodão, papel e celulose, aves, suínos e bovinos.
Melhorar a logística de transporte é importante para recuperar a renda do produtor, disse o ministro, lembrando que tem havido perdas consecutivas nos últimos anos. “Sem renda, não há como sustentar altos índices de produção e exportação. E é preciso considerar que o setor que foi responsável por 70% do crescimento da economia no último ano”, afirmou. O Produto Interno Bruto (PIB) voltou a crescer no ano passado, com índice de 1%, graças especialmente à atividade agropecuária, setor em que a alta foi de 13% no ano.
A plataforma mostra os modais de transporte e a infraestrutura de armazenagem e processamento utilizados até chegar a cada porto, em cada uma das dez cadeias estudadas. No caso do milho e da soja, estudo realizado pelo sistema mostrou que 47% das cargas já chegam às docas por ferrovias.
Também estão disponíveis informações por microrregião dentro de cada um dos estados. “Nós sabemos quanto cada microrregião produz, para onde exporta e como isso evoluiu nos últimos 15 anos, graças ao uso de imagens de satélite”, destaca o analista.
De acordo com o secretário-executivo do Mapa, Eumar Novacki, até o fim deste mês serão reunidas colaborações de outros ministérios com sugestões de rotas e de obras para o escoamento de produção. Já estão indicadas pela Embrapa dez intervenções prioritárias que precisam ser concluídas ou receber manutenção, entre rodovias, como a 163 e 080, além de ferrovias e hidrovias.
Mapas da produção
A Embrapa Territorial, em Campinas (SP) produziu mapas com dados dos últimos 15 anos sobre área e volume de produção, quantidades exportadas e destinos das principais cadeias produtivas em cada microrregião, estado e região.
O sistema cruza dados numéricos, gera tabelas, gráficos e mais de 100 mil mapas dinâmicos. Inclui dados georreferenciados dos modais logísticos utilizados (rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário e portuário) para enviar a produção e receber insumos (fertilizantes, máquinas, defensivos). Também possui informações sobre milhares de estruturas de armazenagem e unidades processadoras identificadas e geocodificadas.
As dez cadeias produtivas inseridas no sistema representam mais de 90% da carga agropecuária do país. “Fizemos a separação em cadeias, porque cada uma tem sua logística, percorre rotas vinculadas, locais de processamento próprios e exporta por portos específicos”, explica o analista Gustavo Spadotti, da Embrapa Territorial.
“Ninguém coloca mais carga no sistema de transporte do que a agropecuária”, diz o chefe-geral do centro de pesquisa, Evaristo de Miranda. O setor gera, anualmente, cerca de 1,6 bilhão de toneladas. Isso é mais do que todo o minério bruto e processado, que chega a 1,4 bilhão de toneladas. Anualmente, a agropecuária demanda quase 43 milhões de fretes de caminhão.
Bacias Logísticas
Com informações georreferenciadas, o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária identificou as rotas preferenciais utilizadas e delimitou oito bacias logísticas da exportação de grãos no País. “Quando se fala em escoamento da safra, o termo é adequado. A produção realmente escoa em direção aos portos, como os rios indo para o mar, dentro da bacia logística”, avalia Evaristo de Miranda. A armazenagem funciona como um conjunto de barragens e evita a sobrecarga em terminais portuários e unidades de processamento. “O Sistema identifica os melhores locais para investir em armazenagem, hoje e no futuro”, anuncia.
Miranda ainda destaca que o funcionamento do Sistema será permanente e, com ferramentas de inteligência, gestão e monitoramento territorial, permitirá identificar a demanda por infraestrutura logística, tendo como principal critério o ganho de competitividade. No website da plataforma, estão disponíveis estudos logísticos já realizados com o Sistema pela Embrapa Territorial, atendendo a demandas do Mapa. Dentre eles, está a identificação de obras e intervenções viárias prioritárias para aumentar a competitividade da agropecuária nacional.
O Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira estará disponível na internet, a partir de quarta-feira, para apoiar políticas públicas e privadas, orientar investimentos logísticos, gerar cenários e servir de base para simular e comparar o impacto de alternativas de mudanças na macrologística agropecuária do Brasil. Na próxima etapa, outras cadeias produtivas, micrologísticas estaduais e novos estudos de competitividade serão integrados ao Sistema.
Fonte: Dinheiro Rural